quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Desejo simbólico

Começo a cantar, os corpos se deliciam por mim. Todos me querem de maneira incomum. Os desejos desses homens de família se demonstram em prazer. Eu rebolo e danço e canto e finjo e imito e gozo. Recebo gorjetas. Disputam-me. Cobrem as ofertas dadas, mais um lance e mais um. Ponto final. Há um ganhador. Ele me leva, me ama, me seduz. Usa os mais diversos truques comigo. A pele macia roça o meu corpo sedento. Pela primeira vez não finjo. Sinto! Sinto-me viva, sinto-o em mim. A respiração é ofegante. Os meus hormônios discretos se entregam ao aflorarem pela minha pele. Suo. Eu evito, mas quero. Confundo-me. Ele põe mais dinheiro na minha perna. Eu agradeço, como de costume. Ele se entrega. Deixa-se ser meu e eu deixo-me ser dele. Carícias, seu pêlos, corpos, ombros. Suas mãos deslizam na minha pele. Toque suave que me faz suspirar. Cada parte do corpo dele era minha. Era sua dona e ele meu dono. Amávamo-nos sem vergonha ou pudor. O simples prazer carnal nos satisfez. Doce prazer que me levou, por segundos, ao delírio. Dessa vez tinha sido sincero. Realmente apaixonei-me. E isso era o que importava. A minha rotina de sexo por dinheiro parecia ter sido modificada. O carinho e o respeito muito ajudaram. Mas me sentir desejada, desta maneira diferente, me confundiu. Sempre tive o homem que quis. Sempre fui desejada. De repente este homem surge. Consegue-me por um alto valor e da mesmíssima forma me quer tão bem? Com a inocência nobre deste bom cavalheiro, ele me faz contorcer, leva-me ao orgasmo. Como é sutil o leve amor que tem por mim. Mas eu, na minha pose de dama da noite, mantive a minha compostura e disse: “O senhor me deve quinhentas libras”.

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