sábado, 19 de fevereiro de 2011

Pelados de areia

Estava eu, sentada na beira do píer. Luar calado, vento singular. As ondas batiam nos barcos e diziam seus versos. Sentia a respiração do meu amigo. O ar se misturava com a fumaça do cigarro aceso. A voz arranhava a garganta, mas não chegava a sair som. Não havia motivação. O silêncio, apenas ele, me acalmava.
Os pensamentos distorcidos e embalados pela criatividade atípica que dispunha me levaram ao lúdico. Rompi o quieto momento, descrevendo meu devaneio. Imaginei de olhos abertos a aurora boreal. Senti-me viva. As cores, as luzes, a sensação, tudo parecia real. Meu singelo amigo desfrutou da mesma irrealidade.
Faz tempo que não sonho. A vida parou de ser minha. Sou do mundo e ele não é meu. Percebi que vivo numa casa de máquinas. E eu sou a mais nova maquina.

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