sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Doce dossiê

Os músculos cansados de tanto andar, outorgavam um descanso. Não discordo que de fato mereciam, mas eu precisava continuar. Andar. Só andar. É incrível como a mente se ludibria com as luzes da cidade. Fui a tantos lugares, só com alguns passos e mesmo quando estava parada, não estava ali. A mente vagava perambulando pelos cantos moribundos do que eu nem sei o nome. No meio da minha alienação, uma voz conhecida me desperta. Não que não houvesse outras vozes. Havia! Só que para mim pareciam inaudíveis. Queria ter conversado mais com tal voz, mas foi deveras complicado.
Sem analogias elaboradas, sendo mais simplista, ela me relembrou de como é bom ser esquecida. Não é um esquecimento forçado pela mente para evitar reviver algum momento traumático ou desgostoso. Ao contrário disso! Ler, reler, refletir, gostar e esquecer. Crer no momento, no mínimo, no detalhe. Aproveitá-lo com entusiasmo. E ao fim, esquecer-se. Não que não haja relevância no momento, mas eles são passageiros, acabam caindo na lembrança.
O que de fato me aborrece é que essa percepção veio após o sono. Não aproveitei o momento porque eu estava tentando eternizar outro, que nada tinha de bom. Quem sabe, se não fosse isso, ontem teria sido melhor, ou pelo menos mais amigável.

Um comentário:

Unknown disse...

"Ao contrário disso! Ler, reler, refletir, gostar e esquecer."

Lindo, Laís. De verdade, lindo demais!