sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Doce dossiê

Os músculos cansados de tanto andar, outorgavam um descanso. Não discordo que de fato mereciam, mas eu precisava continuar. Andar. Só andar. É incrível como a mente se ludibria com as luzes da cidade. Fui a tantos lugares, só com alguns passos e mesmo quando estava parada, não estava ali. A mente vagava perambulando pelos cantos moribundos do que eu nem sei o nome. No meio da minha alienação, uma voz conhecida me desperta. Não que não houvesse outras vozes. Havia! Só que para mim pareciam inaudíveis. Queria ter conversado mais com tal voz, mas foi deveras complicado.
Sem analogias elaboradas, sendo mais simplista, ela me relembrou de como é bom ser esquecida. Não é um esquecimento forçado pela mente para evitar reviver algum momento traumático ou desgostoso. Ao contrário disso! Ler, reler, refletir, gostar e esquecer. Crer no momento, no mínimo, no detalhe. Aproveitá-lo com entusiasmo. E ao fim, esquecer-se. Não que não haja relevância no momento, mas eles são passageiros, acabam caindo na lembrança.
O que de fato me aborrece é que essa percepção veio após o sono. Não aproveitei o momento porque eu estava tentando eternizar outro, que nada tinha de bom. Quem sabe, se não fosse isso, ontem teria sido melhor, ou pelo menos mais amigável.

Estranho luar

Não preciso demonstrar,
É só sentir,
Algo estranho no ar.

Incerto, discreto,
Concreto na beira.
Eu o queria, de certo.

Nada obtive,
Não me contive,
Fui-me embora.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Descubra você

O que foi um instante de plena compreensão
de qualquer assunto que me leve para algum lugar
que eu quisesse estar.
E não podia porque algo retraia
minha ida
ao poente.
Estou contente de poder
Escrever uma ultima vez
Uma ultima estrofe, talvez
Quem sabe a vida seja muito simples
Para ser invadida...Com princípios arcaicos
As cores que me levem
Para onde elas quiserem
Eu vou...
Seja aqui ou ali
Tanto faz,
O que importa?!
Se esconder numa capsula
Isolante de tudo
De todos,
Do mundo
Só por que você tem medo.
Não se esconda entre os cabelos.
Descubra a alegria em quebrar o gelo

Saia por ai
Grite ao mundo qualquer coisa
Derrube a mocinha
E saia de pijama

Descubra como é
Se atirar
Numa vida mundana,
Sem rodeios,
E com devaneios
Que te levem pra cama.

Descubra o que é
Amar quem te ama
E ser um bom amigo
Um cara bacana

Saiba o que é
Sair qualquer hora
Esquecer os compromissos
E achar que o agora...

Passou!

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Do que já nem sei

Dos termos eu não sei
O que pode ser
Quando vais perceber
Que não querem sua bondade
Eles descobrem sua fragilidade
E nervos...
Tudo colapsa num cósmico sombrio
Uma expansão e retração,
Nossa constante.
Importância tem não
Mas a verdade
É que estamos
Numa dinâmica escuridão.


Dos sentidos eu não sei,
Fugaz, passageiro e leviano
Um toque de pura cortesia
Calado e dinâmico

Dos prazeres eu não sei
Que aquecem o pervertido
E aquecem os colchões
De mórbidos enrustidos

Das dores eu nem sei
Que aparecem por ai
E destroem tudo seu
Seja aqui e ali.

Das crenças eu nem sei,
Que pregam qualquer baboseira
E todos acreditam
Por medo, que besteira.

Dos dias nem conto mais,
A espera de qualquer ideal
Que impuseram em minha mente
Espero o surreal,
Não há nada que me contente

Das discussões já cansei,
Não levam a nada,
Disso eu sei.
Estou numa roubada

Dos devaneios eu sei bem
Que me carregam para o triunfo,
Para o local da multidão,
Qualquer lugar,
Pode ser até em outra dimensão.

Do que escrevo nem sei mais
O sentido ficou parado
No refrão ali ao lado,
Enquanto as letras iam conotando
Palavras que ia eu pensando,
Surgiu essa poesia,
Que é tão sua quanto minha.

domingo, 10 de outubro de 2010

Dos alvitres mais um

Talvez quiséssemos nós, alongar os segundos, os dias e as horas. Acreditamos sem acreditar numa eternidade efêmera. Quando a vida discorda de nosso pensamento, de maneira cruel, abrupta violenta, nós caímos em constante agonia. Não entendemos direito porque ela escancara e arranca de nós uma dor doentia. Ela passa, sabemos, mas se recente é intensa e perdura um pouco mais fraca até o fim dos nossos dias.
Confortamo-nos com a ausência do físico, mas a falta do mental, do psíquico é o que nos entristece. Há algo que aprendi com uma pessoa que muito estimo, queria eu poder fazer com que vocês pudessem ver. Há um mundo, um tanto quanto lúdico que só os que acreditam podem habitar. Não falo de paraíso, e sim de um local onde ninguém sabe onde é, só nós mesmos podemos descobri-lo. Ele existe dentro de nós. São lembranças. Sim, são elas que se juntam e formam um local de extremo conforto. Não sou muito crente, mas acredito na imaginação. E é lá onde podemos manter sempre o que nós acreditamos existir, sejam sonhos ou ilusões, sejam amigos ou parentes que se foram, todos vivem lá harmonicamente.
Quando tudo passar, você vai acreditar no que digo, e sempre que a saudade bater, já saberá o local para saná-las. A passagem mágica para lá é acreditar nas lembranças. Por que é assim que todos nós queremos ser lembrados. Eis que acabo de contar o meu segredo, a minha pedra filosofal, é assim que o efêmero pode ser eternizado.